PICC LINE - em inglês - peripherally inserted central catheter.
No nosso querido português - cateter venoso central de inserção periférica - CVCIP??? Não.... Picc mesmo, ou melhor, cateter de picc. (Fonte da Foto)
Vocês já devem ter visto um outro tipo de cateter que é inserido perto da clavícula, muitos pacientes possuem aquele.
Mas bora para a história, né... Eu resolvi parar de tomar qualquer tipo de remédio de forma contínua durante o tratamento do linfoma. Isto quer dizer que resolvi descontinuar um remédio que me ajudava com o estresse pós-traumático que adquiri no meu último emprego, no hospital, não sei se vocês se lembram.
Na minha avaliação, de qualquer forma, estou bem estável hoje. Durante o "desmame" desse remédio, eu tive uma crise de abstinência fortíssima, me senti dentro do filme Trainspotting, não sei se já viram... eu estava só esperando ver um bebê escalando a parede, juro. Muita tontura e muita náusea e, por isso, pela proximidade que isso ocorreu ao dia do procedimento, da inserção do picc, eu não consegui estudar muito sobre isso e nem ver vídeos, porque eu começava a me sentir mal.
Tentei explicar isso à equipe que estava responsável pelo procedimento, mas eu não fui escutada. Tentei falar de como estava clinicamente, explicar as dificuldades que já tive com procedimentos ambulatoriais e nada. Ninguém me escutou. Um dia, quando eu estiver melhor, eu explico como esse tipo de violência invisível afeta o paciente.
De qualquer forma, eu contei para uma amiga minha o que tinha acontecido e como eu estava me sentindo. Ela e a mãe dela me acolheram e me ajudaram a me sentir segura no dia do procedimento. Ela foi comigo, mas não pôde ficar lá dentro da sala. Ficaram eu, a enfermeira que fez o procedimento, o enfermeiro que a ajudou, uma enfermeira em treinamento e a psicóloga.
Ah sim! Um dia antes, por milagre divino, eu já estava bem dos enjoos e tontura e finalmente consegui ver alguns vídeos no youtube sobre o procedimento. Os vídeos que eu vi em sua maioria forma em inglês e vi muitos vídeos de "treinamento" para profissionais da área de saúde. Então, quando eu cheguei, já sabia todos os passos que aconteceriam.
Procuraram veias boas no braço direito e nada. Foram para o braço esquerdo. Procuraram e escolheram uma... começaram o procedimento e..... ....e eu senti a porra toda. Sim, a porra toda. Obviamente a furadinha ou famosa "picadinha", mas além disso, eu senti até a inserção do chamado "fio guia". Eu dizia que estava doendo, eu dizia que estava sentindo, que estava ardendo, que estava isso e aquilo... e não sei bem o que aconteceu, mas essa veia foi perdida.
Novamente, lá vou eu para a segunda veia no mesmo braço, mais para perto da axila. Novamente, sinto tudo, porém, desta vez, me avisam que estão colocando a anestesia... e eu? Ainda sinto muita dor. O enfermeiro veio segurar a minha mão, depois veio a psicóloga, quando falei com a enfermeira de referência do procedimento, ela disse que ainda "não tinha pegado" por isso que eu ainda estava sentindo, mas porra... na boa... não era para eu sentir NADA.
Vi vários vídeos de pessoas dizendo como o procedimento é tranquilo e isso e aquilo... e assim... não é bem assim. Isso depende muito de pessoa para pessoa. E isso deve ser falado sim. Eu tentei alertar a equipe, falei que eu não tinha dado conta da dor do mielograma, falei que só fazia sedada, falei, falei e falei e quando cheguei lá, senti que fui violentada. Enfermeiro não pode mexer na quantidade de anestesia (?), creio eu, e esse procedimento, aqui no nosso querido Brasil, de acordo com uma determinação normativa do Conselho Federal de Enfermagem, só é realizado por enfermeiros.
O que não quer dizer, claro, que um bom profissional tenha o bom senso de chamar um médico num momento em que sinta a necessidade para tanto durante o procedimento, no entanto, a minha necessidade de cessação da dor não foi o suficiente para tanto. E essa foi mais uma violência que sofri. Sem ter o controle sobre nada do que estava sendo realizado sobre o meu corpo.
Senti muita dor no local no dia e no dia seguinte e sinto um pouco até hoje, cinco dias depois. Eu pedi para sair de lá medicada contra a dor, a enfermeira disse que ia falar com um médico e não falou. Disse que ia ter que ver autorização do convênio para me aplicar medicação na clínica. E eu, já de saco cheio, falei que ia comprar dipirona quando saísse de lá.
No dia seguinte, que foi o dia da quimio, o médico me falou que a dipirona não era o ideal para o tipo de dor que eu estava sentindo e, enfim, eu fiquei também sem essa informação, sentindo dor.
Essa situação permanece sob o total desconhecimento da equipe médica ainda. E eu estou pensando em como falar, se vou falar, na tentativa de evitar que isso aconteça com outras pessoas.
No próximo post, o dia da quimioterapia.
Até quando eu tiver energia novamente!
Inté!
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