sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Santa Hipocrisia - Um relato irônico.

Hoje é o dia, sim, é hoje... Meu médico desaprovaria esse post com certeza! Diria que não há necessidade em me estressar e etc etc, afinal, como ele disse há pouco, a taxa LDH baixou por conta do meu psicológico, olha só que interessante, então pra quê perturbar uma mente sã, ou quase sã? É verdade... vou tentar escrever este post com o sentimento mais zen possível! Huahuahauahua! Vou até colocar uma musiquinha light de fundo...

Bom, então deixa eu avisar os navegantes o seguinte: se você é evangélico fanático, católico fanático, pertence a qualquer outra religião e é fanático, ou se você não é nada disso e ainda é fanático em alguma coisa, já te digo, é melhor não ler este post. Se você é hipócrita, irônico e sarcástico, também não leia este post. Se você é tudo isso que eu falei agora e ainda pensa que eu me importo com a sua opinião, não leia este post. Se você que é você (deve valer alguma coisa ser você, pelo menos pra você) não concorda com o que resolveu ler abaixo, lembre-se que eu avisei: "não leia esse post". Enfim não serei imparcial, não... hoje, não.

Fui criada em uma família inicialmente católica. Aos poucos meu pai foi revelando que é mais ateu do que qualquer outra coisa, mas acho que na hora do vamos ver, até ele sabe como se reza. Minha mãe ainda é católica e reza todo santo dia, tem seus santinhos, seus terços e tudo mais. Minha irmã... bom.. não tenho idéia.. talvez seja kardecista? Sinceramente, não sei... faz anos que não a vejo ir numa igreja... qualquer que seja ela... Meu irmão era católico e agora é evangélico, da igreja batista, salvo engano. E se você me perguntar qual religião sigo, te direi que nenhuma e todas ao mesmo tempo.


Eu fiz a minha primeira comunhão bem novinha, ainda não tinha muito conhecimento. As aulinhas me fizeram entender a páscoa, o natal e etc e eu me sentia plena. Também nessa época estudava em colégio de freiras, então nós tínhamos uma "educação religiosa", íamos à capela, assistíamos filmes religosos e etc. Fiz o "VEM", fiz o "SEGUE-ME", fiz a crisma... tudo que tinha direito. Nesse tempo todo, no qual me dediquei a uma religião, NUNCA, eu disse, NUNCA, preguei a intolerância religiosa, pelo contrário, eu ia aos cultos da família do meu pai que é toda evangélica, mas eu nunca os vi indo a uma missa católica, vai saber, né??

Mas Sally, o que deu em você? Você bebeu? Está falando de religião por quê?? Eu respondo. Não, eu não bebi, infelizmente, ainda não posso... mas estou falando de religião porque hoje aconteceu uma coisa que me tirou do sério (logo logo chego lá) e já aproveito para falar sobre o tema prometido... Resolvi falar um pouco sobre a minha história religiosa e a da minha família, pois os grandes "sofistas" de plantão que estão lendo este post, com o seu "dom da orátoria" adoram utilizar-se de falácias para combater argumentos. Sendo assim, eu já vou me "defendendo" da falácia mais comum, qual seja, o Argumentum ad hominem.

Continuando, ainda no primeiro grau eu descobri que Deus era apenas um deus e que existiam tantos outros! Percebi que Alá era Deus, Buddha era Deus, lógico, eles eram o "Deus" daquelas religiões! Há mais ou menos dois anos atrás eu soube mais sobre Jah e há alguns meses atrás conheci o Deus su.


Antes de ficar doente, não era lá muito religiosa, apesar de ser espiritualizada. Depois que fiquei doente, várias coisas aconteceram. Uma delas, uma tia minha, evangélica, pediu para uma sra. em São Paulo orar por mim. Nem esta sra. e nem esta tia minha sabiam que eu tinha acabado de voltar de uma viagem que fiz aos Eua, pois esta sra. teve uma "revelação" e nesta revelação ela disse que eu tinha ficado doente ainda nos Eua... falou outras coisas, as quais, eu prefiro não comentar, pois são meio pessoais... meu irmão me visitou no hospital com um amigo e este amigo acabou me falando a mesma coisa que essa tia minha tinha dito, quem é reliogioso sabe que aqui estou falando em "confirmação".

Meu primo foi me visitar também, ele tinha recém retornado da India e me deu um pó de ervas de lá, com o qual eu tenho que tomar banho para retirar todas as impurezas, tenho até o nome aqui: Bhagavan Sri Sathya Sai Baba Prasadam Aum Sri Sai Ram Prasanthi Nilayam. Ele aproveitou e cantou, com violão e tudo, uma canção em sânscrito sobre "deus", não sei qual. Tenho até a tradução da música aqui, ele escreveu pra mim, mas nem vou colocar aqui. Ele me trouxe também uma garrafa com água de uma fonte, não me recordo ao certo se é do Peru, abençoada por um grupo de religiosos daquela região.

Quando saí de alta, minha primeira providência foi ir à missa, ia todos os domingos. Um amigo meu também me apresentou o Sukyo Mahikari, ensinamento supremo da luz verdadeira. É quase como o Reiki, que vocês já devem conhecer, é a arte de transmitir a luz divida por meio das mãos, eu ia lá para receber o okyome todos os dias, um verdadeiro tratamento espiritual.

Dito tudo isso, passo a narrar o que aconteceu hoje. Estava eu em uma espécie de bate-papo mais evoluído, quase um twitter, quando me deparo com o seguinte: uma pessoa em tom de brincadeira, perguntou a outra se ela não acreditava em deus, com "d" minúsculo. Outra pessoa, logo em seguida, disse a essa pessoa que não era deus com "d" minúsculo e sim Deus com "D" maiúsculo.


Não sei por que fui me meter... deveria ter ficado calada, pois normalmente quem ignora, ignora conscientemente, uma vez que inerte é. Mesmo assim, fui e expliquei a questão do deus genérico, o com "d" minúsculo e do Deus cristão, o com "D" maiúsculo. A pessoa ao me responder, entre outras palavras, me agradeceu pelo "momento de cultura"... Achei isso meio irônico e ao respondê-la novamente, entendi que havia ali um preconceito religioso, como se apenas existisse um só deus, mais conhecido como Deus e também contra argumentei suas palavras.

Infelizmente, nesse mundo, temos que conviver com pessoas intolerantes, preconceituosas e sem o conhecimento de causa, que acabam por não entender sobre o que está se falando, acaba que é o mesmo que se falar para uma pedra... Não vou generalizar, mas vou falar sobre a minha experiência pessoal e posso garantir-lhes que, pelo menos comigo, a maioria dos intolerantes religiosos que conheci e conversei eram evangélicos. Constato que muitos não conseguem manter um diálogo pacífico, não conseguem ouvir o que o outro tem a dizer, ou seja, já chegam para conversar (ou seria evangelizar???) com um discurso pronto, não aberto a contestação.

Ora, direi a vocês do que fui chamada... Fui chamada de "suposto ser racional". Suposto ser racional... Eu gostaria muito de saber, qual SER HUMANO NÃO RACIOCINA OU NUNCA RACIOCIONOU na vida?? Claro, esqueçam a morte. Também disseram que eu estava "encapetada e afrontando" a pessoa. Agora discutir, por mais que o tema seja sim delicado, afinal de contas, estamos falando sobre deus com "d" minúsculo e Deus com "D" maiúsculo, virou obra do CAPETA. Infelizmente, a maioria das pessoas com as quais tive o desprazer de "discutir" sobre religião, levam a conversa para o lado pessoal. Então para que a coisa ficasse melhor ainda me chamaram de "VAIDOSA" e me acusaram de querer uma "BATALHA DE EGOS", inclusive enfatizando que batalha de egos é pecado. E, óbvio, para fechar com chave de ouro, a frase mais famosa de todas: "JESUS TE AMA".

Me digam, talvez vocês tenham alguma resposta, o que leva uma pessoa a se enfurecer tanto? Experimenta dizer a um evangélico que existem outros deuses... Experimenta falar isso também para um católico fanático! Sim, porque existem católicos assim também...

Agora experimenta perguntar a eles se eles seguem EXATAMENTE o que está escrito na Bíblia. Você acha que é possível alguém ser assim tão "PERFEITO" ? Será que a pessoa que falou tudo o que falou para mim hoje não está pecando de acordo com sua religião? Eu sei que se for católica está... Como diz a sábia Pitty: "quem não tem teto de vidro que atire a primeira pedra".

Já falei isso a vocês e vou repetir, lembrando que é uma opinião pessoal minha, para mim, nós somos maus por natureza, lutamos todos os dias contra essa natureza... Antes de seres religiosos, somos seres humanos, animais com instintos e tudo mais. Eu me lembro até hoje de uma aula de filosofia da religião lá na unb, na qual o professor mencionou Freud, o texto é "O futuro de uma ilusão" e eu retiro aqui um trecho referente às renúncias instintuais:

"Aqui observamos com surpresa e preocupação que a maioria das pessoas obedece às proibições culturais nesses pontos apenas sob pressão da coerção externa (comentário meu: religião?), isto é, somente onde essa coerção pode fazer-se efetiva (comentário meu: uso da camisinha?) e enquanto deve ser temida (comentário meu: pecado? inferno??). Isso também é verdade quanto ao que é conhecido como sendo as exigências morais da civilização, que, do mesmo modo, se aplicam a todos. A maioria das experiências que se tem da infidedignidade moral do homem ocorre nessa categoria. Há incontáveis pessoas civilizadas que se recusam a cometer assassinato ou a praticar incesto, mas que não se negam a satisfazer a sua avareza, seus impulsos agressivos ou seus desejos sexuais, e que não hesitam em prejudicar outras pessoas por meio da mentira, da fraude e da calúnia, desde que possam permanecer impunes; isso, indubitavelmente, foi sempre assim através de muitas épocas da civilização."

Esse é o ponto. Cheguei na idade na qual é difícil suportar "calada" certas coisas, ainda mais, quando investi tanto tempo e dinheiro em educação. Ainda assim, a frustração permanece: poucas são as pessoas com as quais podemos conversar e trocar experiências para ambas crescerem em conhecimento.

Sabem... até me questionei hoje se religião é para todos. Podemos ver o que sua corrupção pode fazer, não é mesmo? Fanatismo, terrorismo e por aí vai... Ahhhh e o que ela já fez, hein??? Inquisição, guerra santa...

Mas é isso, fiquei indignada com o que aconteceu hoje, apenas uma demonstração do que está por aí na sociedade. Mais indignada ainda com a hipocrisia, ironia, sarcasmo, justificados pela FÉ, pela crença superior... e yada yada yada (essa é a parte irônica do relato, como no título).

Pax et bonum

Fui!

Ps: Será que vai rolar a bagacera com este post?! Eu avisei que não era pra ter lido.... Agora também não me enche...

Um comentário:

  1. muito bom o seu post e pelo visto compartilhamos da mesma opinião (ou pelo menos é bem parecida), tmb fico indignado em ver tantan ignorância a cerca da religião e religiosidade...

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